quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Confecom-Suzano aponta 25 propostas para democratizar a comunicação

por Júlio Nogueira

Confecom-Suzano debateu quatro eixos temáticos e apontou 25 propostas prioritárias para a elaboração da política de comunicação tanto em âmbito local quanto em âmbito nacional. Todas as propostas discutidas nos cinco grupos temáticos porém serão encaminhadas a Brasília.


PROPOSTAS:

Comunicação como instrumento para a garantia de direitos:Criação de Casa de Comunicação (Municipal, Regional e Nacional) integrada a pontos de cultura, com a implementação de oficinas de formação em comunicação em espaços públicos descentralizados;

Transferir ao município as autorizações para concessões de rádios e TVs comunitárias;

Ampliar o alcance da informação com integração e parceria entre população e governo, incluindo o suporte tecnológico à comunidade;

Implementar o projeto Cidade Digital (acesso gratuito à Internet), com incentivo federal à compra de equipamentos de acesso;

Legalização das rádios comunitárias.


Comunicação que respeita as diferenças:Criação de peças publicitárias com informação sobre direitos dos segmentos: idosos, mulheres, pessoas com deficiência etc., em parceria com o Poder Público e sociedade civil organizada;

Criação de mecanismos e incentivo a veiculação de conteúdos sobre a cultura Afrobrasileira, direito das mulheres e diversidade Social;

Criação de canais junto aos órgãos reguladores para denúncias e sugestões sobre classificação de faixas etárias para as programações e conteúdos;

Garantia de espaço de veiculação de informações por meio sonoro e visual para pessoas com deficiências diversas, em locais de uso coletivo;

Espaço para denúncia, fiscalização e acompanhamento em relação à falta de contemplação de direitos;

Criar em Suzano meios de comunicação (TVs Comunitárias, rádio comunitária jornal comunitário), garantindo respeito à diversidade sexual, idosos, criança e juventude, valorizando as diversas manifestações culturais, e que garantam a participação da sociedade;

Implementar programas para crianças e adolescentes, nos meios de comunicação, que abordem temas culturais, educacionais e sociais, colaborando na formação e aprendizado das crianças e adolescentes;

Democratizar a participação nos conselhos de comunicação existentes e criar conselhos de comunicação social nos municípios e estados, onde não existam;

Que os meios de comunicação garantam a elaboração de materiais e instrumentos que respeitem as especificidades da pessoa com deficiência, e campanhas visando a conscientização da população;


Direito à informaçãoIncluir, na discussão do Plano Diretor de Rádios e TVs, a revisão da lei 9.612, para que haja ampliação do sinal para TV, rádios comunitárias e digital;

Classificação indicativa –retirar as propagandas comerciais para crianças em horário de programação infantil;

Não à renovação de concessões públicas, até que se tenha a participação pública na programação;

Destinar parte dos orçamentos dos Municípios, Estados e União para apoio a projetos de comunicação comunitária;

Ampliar a distribuição da Agenda Cultural nos bairros, por meio das Unidades Básicas de Saúde, escolas, centros culturais e estabelecimentos comerciais;

Que seja garantido, por meio da política pública em todas as escolas públicas de ensino fundamental, médio e universidade, núcleo de comunicação gerenciado pelos estudantes. Que esses núcleos sejam adaptados para pessoas com deficiência.


Mídia, educação e consumoIncentivo à popularização das rádios comunitárias e a mídia imprensa produzidos por estudantes e pela comunidade em geral;

Fomentar a comunicação crítica (Constituição e legislação) nas escolas e investir em formação para educadores(as), por meio da produção coletiva de cartilhas, livros, palestras, debates, boletins, vídeos, internet e outros meios de comunicação;

Criar ouvidorias com registros, relatórios e publicações das reclamações e sugestões feitas pela população usuária dos meios de comunicação;

Que sejam vetados produtos na mídia prejudiciais à saúde pública

Incluir, no artigo 221 da Constituição, a preservação ambiental como finalidade da comunicação.

Frei Betto sugere plano para quebrar o modelo verticalizado de comunicação

por Cecília Figueiredo

Suzano abriu a sua 1ª Conferência Municipal de Comunicação Social (Confecom) com a participação do escritor, teólogo e jornalista Frei Betto. Ele defendeu a mudança do modelo brasileiro de comunicação e disse que mídia está a serviço do capitalismo e do consumo.

Na avaliação do escritor Frei Betto, as mazelas produzidas por um sistema que alimenta a pobreza social têm forte amparo na comunicação. “A comunicação é que cria no nosso inconsciente atitudes e idéias, forja nossa maneira de pensar”. Da mercantilização da mulher à associação equivocada de pobreza à violência, da falta de restrição à indústria cinematográfica norte-americana à renovação indiscriminada das concessões públicas, sem cobrança de critérios, passando pela ideia que os sinais de rádios comunitárias provocariam a queda de aviões foram alguns dos exemplos citados. “Se as rádios comerciais que têm maior alcance não interferem, porque as comunitárias o fariam?”, questiona. “É uma propaganda enganosa como a de refrigerante”, comparou.

Para ele, será uma árdua tarefa quebrar o atual modelo de comunicação, “verticalizado e oligopólizado”, no entanto será importante para que a população passe a conhecê-lo. Uma das discussões polêmicas que a Conferência deverá debater refere-se à concessão pública.

Ao citar famílias que controlam emissoras de TV e Rádio no país, ele esclarece: “eles não são donos, são concessionários. Poderiam então não ter suas concessões renovadas. Mas, o que acontece é que o governo ainda paga para anunciar campanhas e informações de utilidade pública”. E define: “isso é extorsão!”

Sobre a internet, ele analisa que o alto fluxo de informações impede que se crie uma síntese cognitiva. “O jovem não consegue criar sua identidade. Um dia será o Che (Guevara) e no outro o (Adolf) Hitler”. “A falta de identidade, individualização, leva à perda da utopia, do sonho, de um projeto coletivo. Na época de minha juventude, injetávamos na veia esperanças libertárias”.

Além de apontar a educação como um dos caminhos efetivos para alterar o modelo atual, o que inclui o investimento na formação de professores, o palestrante defendeu um plano de comunicação com diretrizes e metas, que proíba o uso da imagem da criança e outros critérios para a programação infantil.

A criação de um circuito nacional de exibição coletiva de filmes, DVDs, além da abertura de bibliotecas, estímulo à leitura e construção de meios alternativos de comunicação foram outras proposta apresentadas por ele, assim como a veiculação de interesse público gratuita nos veículos, o desenvolvimento de programa de leitura crítica da comunicação e defesa da cidadania, dos direitos humanos e da dignidade humana.

(Leia matéria completa no site da Prefeitura de Suzano: www.suzano.sp.gov.br)

Confecom_Suzano atrai 400 pessoas

Foi muito bom!A Confecom-Suzano atraiu cerca de 400 pessoas em dois dias de atividades. Na sexta-feira (21/08), abertura com Frei Betto. Explanação excelente e norteadora dos debates de sábado quando foram definidas as 25 propostas de Suzano para democratizar a comunicação no Brasil e avançar na construção de uma política de comunicação mais participativa.
Como as conferências municipais não indicarão delegado para as etapas posteriores, foram escolhidos representantes da sociedade civil e do governo para compor a Comissão de Trabalho Pró-Conferência Regional no Alto Tietê.
Confira mais informações nas reportagens de Cecília Figueiredo e Júlio Nogueira sobre o assunto.
abraços e obrigada a todos pelo empenho no evento.
Sucesso total!!!

Pesquisar este blog