sábado, 17 de outubro de 2009

“Comunica Alto Tietê” discute democratização da comunicação

Banda larga gratuita, rediscussão sobre o sistema de concessões para rádios e TVs e fortalecimento dos meios alternativos estão entre as propostas aprovadas no evento, realizado em Guarulhos.

Propostas como inclusão digital, fim da hegemonia dos meios de comunicação tradicionais e o fortalecimento de iniciativas de mídias alternativas e comunitárias estão entre as propostas aprovadas na 1a Conferência Livre de Comunicação do Alto Tietê – Comunica Alto Tietê. O evento foi realizado na quarta-feira (17/10), no Centro de Educação Adamastor, em Guarulhos, e reuniu pessoas de várias cidades da região. De Suzano, uma delegação de 20 pessoas compareceu à atividade.

Organizada por um coletivo formado por sociedade civil e poder público das cidades da região, a Comunica Alto Tietê tinha o objetivo de debater e construir propostas para uma comunicação livre e democrática. O tema era “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital” –o mesmo da Conferência Nacional de Comunicação, que será realizada Brasília (DF) em dezembro. O debate foi realizado a partir de três eixos: Direito à Informação", "Controle Social e Mídia" e "Novas Tecnologias e a Participação Popular".

Quatro convidados fizeram o debate de abertura do evento: Altamiro Borges, Beá Tibiriçá, Eduardo Guimarães e Rodrigo Vianna.

Diretor do portal Vermelho, o jornalista Altamiro Borges parabenizou a iniciativa do evento sobre comunicação regional e destacou o “papel pedagógico” de eventos como este para o envolvimento de toda a sociedade: “Estamos numa fase importantíssima, de elaborar propostas para melhorar a comunicação no Brasil”, disse. Ele listou como fatores importantes para a democratização da mídia no País a não criminalização de rádios comunitárias, a inclusão digital a partir da disponibilização do serviço de banda larga para todos os brasileiros e a criação de mecanismos de controle social da mídia.

Eduardo Guimarães, editor do blog Cidadania.com, que originou o Movimento dos Sem Mídia, criticou a forma como a comunicação funciona “desde sempre” no Brasil: “Quem fala mais alto tem poder. E esse poder define quem governa o País”, disse. Ele defendeu o direito a uma comunicação isenta e propôs a criação de um “selo democrático”, que seria concedido pela sociedade civil “às empresas de comunicação que privilegiassem a pluralidade, o debate de ideias, a crítica a todos os grupos políticos”.

O jornalista Rodrigo Vianna, repórter especial da Rede Record e editor do blog "Escrevinhador", falou que a comunicação, assim como o setor financeiro e a questão da terra, está entre os “pontos mais sensíveis” da sociedade brasileira. “São os setores que formam o coração do capitalismo. E, entre os três, a comunicação é o assunto mais difícil de se debater por ser o menos concreto”, explicou. Para ele, o caminho para a democratização da informação no Brasil está na rediscussão do sistema de concessões de rádio e TV. “Temos de mexer neste vespeiro. Fazer ao menos que a Constituição seja cumprida”, disse.

Beá Tibiriçá, diretora do Coletivo Digital, falou que a inclusão digital, vinculada a projetos de comunicação popular, pode contribuir para a transformação social por meio da comunicação. Ela destacou o poder da internet, que permite que as pessoas se comuniquem com o resto do mundo. “Temos de incentivar as comunidades a se apoderarem a partir desta nova tecnologia. É por isso que as pessoas que não são especialistas têm de estar neste debate para a construção de uma comunicação alternativa”.

A Comunica Alto Tietê foi organizada pela Associação dos Municípios do Alto Tietê (Amat) e pelas prefeituras de Guarulhos, Poá e Suzano. Contou ainda com o apoio do jornal Fatos da Região, da União da Juventude Socialista (UJS) e da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes).

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