quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sindicato luta pela volta do diploma para jornalista

enviado por Alexandre Trindade
Você pode participar da luta pela retomada da obrigatoriedade de curso superior específico para o exercício da profissão de jornalista. Assine a petição pública on line no link:
Duas organizações internacionais estão conosco nessa luta: a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e a Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe (FEPALC), que estão distribuindo versões da petição em espanhol e inglês.
Os empresários também estão se mexendo. Segundo a Folha SP, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) vai pedir ao Congresso que não apoie nossa iniciativa.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

Resumo reunião com Ministro das Comunicações

Cerca de 20 entidades previamente inscritas, estiveram reunidas com o ministro Paulo Bernardo, acompanhado do secretário-executivo Cesar Alvarez e outros secretários do MC, no último dia 20.

Conforme decisão da Plenária dos movimentos, na manhã do mesmo dia 20, nossa agenda, em falas de 5 minutos cada, foi apresentada pelas seguintes entidades:

1- Política para as Comunicações  - FNDC (CFP) e ULEPICC-Br
2- Marco regulatorio - Intervozes e ANDI
3- Banda Larga - Idec e Proteste
4- Diálogo com o MC - Barão de Itararé

Na ocasião, o MC recebeu os dois manifestos que seguem anexos.

Feitas as nossas exposições, o ministro nos apresentou um quadro geral da política do Ministério e buscou responder diretamente às questões apresentadas.
Sobre o marco regulatório:
O debate só será aberto ao público no segundo semestre, definido explicitamente como o período entre 1º de julho e 31 de dezembro... O governo ainda tem muitas dúvidas sobre pontos importantes do projeto, por isto não se abre para a discussão pública antes que o Planalto possa bater o martelo sobre a direção política que pretende imprimir ao processo e tenha clareza sobre muitos dos seus pontos controversos. Certeza: o governo está, sim, trabalhando no projeto do marco regulatório e pretende, sim, apresentar um projeto ao debate ainda este ano. Dúvida: tudo o mais.

Sobre o PNBL:
O ministro foi claro, o regime público está descartado.
Disse-nos que estava chegando de uma reunião com a presidenta Dilma, na qual levou "bronca" (palavra dele) pelo ritmo lento de andamento do PNBL e foi informado da determinação presidencial de investir R$ 1 bilhão este ano para garantir banda larga de 1 Mbps. Exibiu irritação com
o tom da intervenção da advogada Flavia Lefèvre, lembrando que o governo ressuscitou a Telebrás, não cabendo pois falar em seu esvaziamento agora. A empresa está sendo preparada para ser instrumento de regulação do mercado, não de oferta direta de serviço.

Sobre o diálogo com o MC:
Fizemos uma proposta de criação de uma "mesa de diálogo" que se reuniria uma vez por mês. O ministro sugeriu que esse encaminhamento ficasse a cargo do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

Evidentemente, esse relato pode e deve ser complementado por outr@s presentes.

Abraços,
Marcos

Marcos Dantas
Prof. Escola de Comunicação da UFRJ
http://www.marcosdantas.com.br

A política externa brasileira e a mídia

Anti-EUA ou pró-Brasil? Imprimir E-mail
Escrito por Luiz Eça   
26-Abr-2011
 
"Paz e justiça são as duas faces da mesma moeda", general Dwight Eisenhower.
 
A grande mídia vibra de emoção. O governo Dilma estaria sinalizando uma volta à tradicional política externa do Itamaraty, abandonada pelo governo anterior em favor de um dito "anti-americanismo" que seria prejudicial ao país.
 
Por enquanto, isso não passa de deslavado "wishful thinking" (confusão de desejos com a realidade), mas vale analisar suas premissas. É inegável que o ministro Celso Amorim mudou a orientação geral da nossa diplomacia, que vinha desde inícios do século 20.
 
Nessa época, os Estados Unidos já apareciam como um imperialismo em ascensão, tendo tomado terras do México e da Espanha e intervindo muitas vezes em países da América Latina. Sua política externa baseava-se no princípio "A América para os americanos", do presidente Monroe, e no chamado "corolário de Roosevelt" (tio de Franklin Roosevelt), que defendia o direito das nações "civilizadas" em usar de força militar contra nações "não civilizadas", na defesa dos seus investimentos e créditos bancários.
 
O barão do Rio Branco, então nosso ministro das Relações Exteriores, era francamente favorável ao alinhamento incondicional com os EUA, aceitando inclusive o "corolário de Roosevelt", como, aliás, declarou ao jornal La Nación, em 1906: "Os países que não sabem se governar (...) não têm direito de existir e devem ceder seu lugar a outra nação mais forte, melhor organizada, mais viril".
 
Joaquim Nabuco, seu primeiro embaixador em Washington, foi mais longe: "A doutrina Monroe impõe aos EUA uma política externa que começa a se desenhar e, portanto, a nós todos, também a nossa. Em tais condições a nossa diplomacia deve ser feita principalmente em Washington."
 
Rio Branco era pragmático. Visava destacar-se das republiquetas latino-americanas da época, posicionando o Brasil como "nação civilizada", apoiada na amizade e na proteção da grande república do norte. Para isso, seria preciso seguir a liderança de Washington.
 
Na ocasião, o Brasil já tinha interesses concretos para preservar a boa vontade dos EUA, que era o principal importador de nossos produtos e começava a investir em nosso país.
 
Nos anos seguintes, os EUA tornaram-se, de longe, nosso maior parceiro no comércio exterior, o maior investidor em nossa economia, além de fornecedor de empréstimos em momentos delicados para nosso país. Em troca, o Itamaraty continuou aprovando todas as propostas e ações americanas na política internacional.
 
Apenas episodicamente, o governo brasileiro ousou discrepar aqui e ali. Assim, nos governos Janio Quadros e especialmente João Goulart, com o ministro Santiago Dantas, o Brasil esboçou caminhos próprios, buscou alianças com o terceiro-mundo e até opôs-se à expulsão de Cuba da OEA.
 
Na gestão do presidente Fernando Henrique, o governo uniu-se aos países do Cone Sul na rejeição à ALCA. Que eu lembre, foi tudo. Por fim, com o ministro Celso Amorim, operou-se uma transformação radical. Afinal, as coisas são muito diferentes dos tempos de Rio Branco.
 
Hoje em dia, os EUA já não são mais o maior destino das exportações brasileiras.

A China ganhou esta posição, sendo que a Argentina está praticamente empatada com os EUA. Em 2010, o ranking dos três primeiros importadores era o seguinte: China, 15,5%; EUA, 9,6%; e Argentina, 9,17%. Nesse mesmo ano, os maiores investidores no Brasil foram o paraíso fiscal de Luxemburgo e a Holanda.
 
Além disso, não precisamos mais dos empréstimos dos EUA. Podemos nos dar ao luxo de sermos independentes. Com isso, em diversas situações, nossa diplomacia posicionou-se em campos opostos à dos EUA.
 
Fomos contrários à invasão do Iraque, como, aliás, a maior parte das nações do mundo. Posteriormente, provou-se que a declaração de guerra americana baseava-se em provas falsas, armadas pela CIA, sob influência do gabinete do vice-presidente Cheney.
 
O direito dos palestinos de terem um Estado desenhado pelas fronteiras anteriores a 1967, a proibição de novos assentamentos israelenses na Cisjordânia, a condenação às atrocidades na invasão de Gaza e ao massacre da flotilha de socorro à população de Gaza foram e são decisões da ONU. O Brasil defendeu todas elas - já os EUA, direta ou indiretamente, vêm atuando contra.
 
Nosso país contestou as sanções contra o Irã por considerar não haver provas da existência de um programa nuclear militar. E colaborou para a solução do contencioso com o Ocidente, conseguindo a adesão de Teerã a um acordo (previamente aprovado pelo presidente Obama), que, inesperadamente, acabou desconsiderado pela Casa Branca.
 
No caso da Líbia, o Brasil uniu-se aos países do BRIC e à Alemanha, abstendo-se na votação da intervenção, patrocinada pelos EUA, Inglaterra e França. Tudo indica que fez bem, pois está se chegando a um impasse. As grandes potências concluíram que somente usando a força aérea não derrotarão Kadafi. Teria de haver uma invasão, o que, por enquanto, todos consideram desastroso.
 
Diante de todas estas discordâncias, a grande mídia apressou-se a rotular a política externa do ministro Celso Amorim como "anti-americana". Ecoaram as manifestações nesse sentido de secretários de Estado e congressistas americanos.
 
Todos seguiam um princípio inicialmente defendido por Benito Mussolini: "O con noi, o contro noi" (precisa traduzir?). Repetido, posteriormente, por Hillary Clinton: "Cada nação tem que estar conosco ou contra nós". E, como não podia deixar de ser, por George W.Bush: "Ou vocês estão conosco ou estão com os terroristas".
 
Levando a sério estas declarações, seriam anti americanos todos os países que se opuseram a eles em alguns dos últimos conflitos internacionais, como França (invasão do Iraque, assentamentos, invasão de Gaza, massacre da flotilha), Alemanha (Iraque, Líbia, assentamentos, Gaza e flotilha), Inglaterra (assentamentos, Gaza e flotilha), Rússia e China (Iraque, Líbia, assentamentos, Gaza, flotilha), Turquia (todos estes mais Irã). Para citar só alguns.
 
Ao tomar como inspiradores gente como Mussolini, Hillary Clinton e George Bush, os chefões da nossa grande mídia deveriam levar em conta um velho provérbio inglês; ‘It takes two to tango" (são precisos dois para dançar o tango). Devido às discordâncias entre Brasil e EUA, chamar nossa política externa de anti-americana justifica a recíproca: a política da Casa Branca seria anti-brasileira.
 
Na verdade, sem desprezar a amizade americana – afinal são o maior mercado consumidor do mundo - a política externa do governo anterior não se preocupou em ser anti-nada, apenas independente, buscando defender os interesses e valores do país, a paz e a justiça nas relações internacionais. De acordo com o antigo presidente americano, Dwight Eisenhower, que afirmou que "a paz e a justiça são os dois lados da mesma moeda".
 
Pena que o governo Obama não aprendeu esta lição. Na Palestina, ao defender as violências e ilegalidades israelenses; no Paquistão, com bombardeios de aviões sem pilotos contra talibãs, matando centenas de civis inocentes; em Guantánamo, condenando suspeitos à prisão perpetua, sem direito a julgamento; no Arizona, mantendo Bradley Manning em prisão solitária, por muitos meses, ele levaria nota zero.
 
Luiz Eça é jornalista.
 

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