sexta-feira, 10 de junho de 2011

O caso da UTI Neonatal da Santa Casa – a crise fabricada e a estratégia de volta ao poder

por Silmara Helena

Diante da crise fabricada pela oposição e por alguns setores da imprensa local em relação ao sistema público de saúde em Suzano é fundamental que todos nós tenhamos clareza do que realmente significa esta interdição e qual o seu real objetivo.

Pouco do que o prefeito Marcelo Candido falou em coletiva concedida no dia 7 de junho foi divulgado pela imprensa regional. A maioria ignorou a afirmação do prefeito sobre a apropriação política-partidária do problema e a postura da Vigilância do Estado que aplicou agora à UTI Neonatal uma penalidade extremada, mas não tomou a mesma atitude quando, sob a administração de outro provedor, o hospital foi autuado pelo menos 34 vezes devido ao número insuficiente de médicos e enfermeiros e pela falta de higiene nas instalações da unidade.

Antes da intervenção da Prefeitura na Santa Casa em 2009 havia apenas um funcionário responsável pela limpeza da UTI. Hoje são 4. Um total de 17 pediatras se revezam na maternidade para atender às mães – sendo 3 durante o dia e 2 durante à noite.

A mortalidade infantil caiu 50% na unidade depois de a Prefeitura assumir a administração e este esforço se refletirá agora nos dados oficiais da mortalidade infantil no município a serem divulgados até 20 de julho.

Uma representante da Promotoria Pública de Suzano chegou ao cúmulo da irresponsabilidade de afirmar que a taxa de mortalidade infantil na cidade seria maior que a média nacional. Pasmen! A média de mortes no Brasil deve alcançar 22 por mil nascidos vivos em 2010. E no Estado de São Paulo governado pelo PSDB há quase 20 anos, o índice deve chegar a 14,5. Aliás, a mortalidade materna aumentou em mais de 60% no estado paulista-tucano nos últimos anos.

Em nenhum momento, a secretária Célia Bortoletto, muito menos o prefeito, menosprezaram a morte dos recém-nascidos. Mas a confusão proposital instaurada nos meios de comunicação faz pensar que o número de óbitos é um escândalo nacional. Ninguém deseja que crianças morram. No entanto, as condições de prematuridade grave, infelizmente, reservam poucas chances de sobrevivência aos bebês. O índice de mortalidade de uma criança que nasceu com menos de 1kg é 200 vezes maior do que de uma criança com peso considerado normal. Na Santa Casa de Suzano, metade dos bebês que morreram no período de janeiro a maio de 2011 estavam nesta condição. Informação propositalmente ignorada pela maioria dos jornalistas.

Sem contar que houve aumento de mais de 20% no número de partos no último ano – total subiu de 260 para 320 partos por mês. Quando se afirma que o número de óbitos nos primeiros cinco meses é muito alto, a afirmação é feita com base em que? Comparou-se com o que e com quais municípios?

Outra falácia repetida insistentemente na imprensa: bebês morreram de infecção hospitalar. Não! Não houve contaminação de recém-nascidos por infecção hospitalar tanto que o auto de imposição de penalidade não exige a remoção dos bebês lá internados e determina a interdição por questões de estrutura física.

O deputado Demo da região e que nunca moveu uma palha na área de saúde agora pede que a Santa seja devolvida ao povo. Hipócrita! Hoje a Santa é do povo. Integra o SUS e qualificou o atendimento a gestantes – principalmente aquelas mais pobres. Hoje a Santa Casa trabalha junto com a rede municipal de saúde em um sistema de fato. Proposta, aliás, nunca aceita pela outra direção.

Enfim, o que eles querem é tomar a Santa Casa do povo, de novo. E para isso não medem esforços. Mobilizam Promotoria Pública, imprensa marrom, políticos das mais variadas espécies. E depois vão querer fechar a Unidade 2. Eles não se preocupam com mortes. Eles não se preocupam com a população. Eles querem o poder. E a Santa Casa, assim como a desqualificação da área de saúde, fazem parte da estratégia de retomada da Prefeitura de Suzano pela aliança de extrema direta demo-tucana.

Continuemos atentos, mobilizados e atuantes!

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