quarta-feira, 20 de junho de 2012

Todas as ideias, todas as cores e também todas as vozes

Em plenária da Campanha Nacional em Defesa da Liberdade de Expressão para Todos, realizada na Cúpula dos Povos, movimento pela Democratização da Comunicação constrói agenda de mobilizações em prol de novo marco regulatório da mídia. Disse o sanfoneiro: “Pro Marco chegar precisa fazer pressão/ Congresso compreender que eles têm uma missão/ ou representam o povo ou repassam o bastão”.

Rio de Janeiro - “Todas as ideias, todas as cores, todas as vozes”. Este foi o lema que norteou um dos debates realizado na Cúpula dos Povos da Rio+20 na última sexta-feira (15). A atividade marcou o pré-lançamento da Campanha Nacional em Defesa da Liberdade de Expressão para Todos, reunindo mais de cem militantes sociais em torno de um desafio que pautará a agenda do movimento pela democratização no país no próximo período.

Com o objetivo de pressionar o governo federal pela abertura do debate público em torno de um novo marco regulatório para as comunicações no país e de mobilizar amplos setores da sociedade brasileira na luta por uma transformação estratégica no setor, a Campanha chega num momento em que o tema da liberdade de expressão está no centro do debate dos movimentos sociais. Depois da realização da I Conferência Nacional de Comunicação em 2009 e de uma série de ações e iniciativas dos movimentos em prol de democracia e liberdade para todos e todas na mídia, o desafio de realizar uma Campanha sobre este tema em todo o país é enorme.

“Esta é uma das mais desfiadoras campanhas que os movimentos brasileiros já construíram”, disse Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão. “Temos um adversário muito poderoso pela frente: o sistema midiático brasileiro e seus veículos, que entram diariamente em nossas casas sem qualquer contraponto”. Para fazer este enfrentamento, os movimentos acreditam que é preciso mostrar, no dia a dia das pessoas, os impactos das violações à liberdade de expressão e do direito à comunicação do conjunto da população brasileira.

Para Rosane Berttoti, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que, ao lado de diversas organizações populares, está à frente da campanha, diante da análise da estrutura dos meios de comunicação no país, altamente concentrados, defender a liberdade de expressão significa defender a pluralidade e diversidade de ideias e opiniões na mídia.

“No entanto, sempre que defendemos a liberdade de expressão somos taxados de censores. Mas nosso objetivo é exatamente o oposto: garantir este direito para todos os cidadãos e não somente para alguns que detém o controle dos meios”, disse Rosane. “É um tema estratégico para todos, e por isso deve ser debatido em qualquer lugar, sem barreiras e de forma aberta”, acrescentou, fazendo referência à paisagem natural do Aterro do Flamengo, onde acontece a Cúpula dos Povos da Rio+20.

Agenda atrasada
Na avaliação dos movimentos participantes da Campanha, o país está extremamente atrasado em relação à legislação que rege o setor. No dia 27 de agosto próximo, por exemplo, o Código Brasileiro de Telecomunicações, lei estruturante da área no país, completa 50 anos. Seu conteúdo está longe de dialogar com a realidade das mudanças tecnológicas, da convergência de mídia e, sobretudo, da necessidade de garantia da liberdade de expressão do conjunto da população brasileira.

Mesmo no último período, o governo federal tem deixado a desejar acerca da agenda pública de comunicação no país. Presente à plenária desta sexta, o diretor do Departamento de Acompanhamento e Avaliação de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações disse, mais uma vez, que não há prazo para o governo federal abrir a prometida consulta pública sobre as mudanças no marco regulatório brasileiro.

“A sociedade brasileira está atenta a essa questão. A comunicação é um espaço de difusão da diversidade cultural, e ainda temos essa lacuna com espaço midiático monopolizado”, acredita Sergio Mamberti, secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura. Para ele, foi um retrocesso ter Helio Costa como ministro das Comunicações no governo Lula, o que teria deixado o Ministério ausente deste debate. “Ninguém quer um impeditivo para que as vozes circulem livremente, mas não podemos conviver mais com essa situação”, afirmou.

“O governo tem a responsabilidade política de colocar este debate de forma ampla e participativa, consultando a sociedade. É um debate também que exigirá forte incidência dos movimentos sociais junto à população. A conjuntura mostra que este pode ser um momento importante para este debate público. Episódios da CPI do Cachoeira, por exemplo, reforçam a necessidade de um novo marco regulatório. Assim como as eleições municipais, que podem pautar as políticas públicas de comunicação no âmbito local. São oportunidades que não podemos desperdiçar”, afirmou Rosane Bertotti.

“O desafio agora é fazer com que o debate chegue em todas as pessoas e que o protagonismo em todo o processo seja da sociedade”, completou Ivan Moraes, do Centro de Cultura Luiz Freire, de Pernambuco.

Temas de luta
Entre os temas que devem ser trabalhados na Campanha está a defesa do pluralismo, da diversidade, da diversidade regional, do respeito aos direitos humanos na mídia, assim como a universalização da banda larga.

Refletindo a diversidade dos lutadores pela democratização da mídia, a campanha tem uma coordenação nacional ampliada que, atualmente, conta com mais de 20 entidades. Três grupos de trabalho – formulação, mobilização e comunicação - são responsáveis por definir estratégias e ações nestes eixos. A plenária também orientou para a criação de comitês locais, visando dar a maior capilaridade possível à luta pelo direito à comunicação.

“Trabalharemos para lançar a campanha no período de aniversário de 50 anos do código atual, para o qual não queremos mais cantar parabéns, e estar com a campanha nas ruas em todo o país pós -período eleitoral”, explicou João Brant, do Intervozes, que também integra a coordenação da Campanha.

O ponto alto da plenária foi a participação do sanfoneiro José Sergival, que declamou o cordel “A peleja comunicacional de Marco Regulatório e Conceição Pública na terra sem lei dos coronéis eletrônicos”. Dizem trechos do cordel:

Pega o controle remoto
vai de botão em botão
procurando um bom debate
ou uma contradição
pense num troço difícil
nessa radiodifusão

(...)
Na hora de renovar
essa dita concessão
Não vai ser caldo de cana
Tem que fazer discussão
Porque não tem no canal
lei de usucapião

(...)
E com a propriedade
dos meios de difusão
Nem vertical nem cruzada
pra acabar concentração
vamos democratizar
pra toda população

(...)
Ah, mas pra Marco chegar
precisa fazer pressão
Congresso compreender
que eles têm uma missão
ou representam o povo
ou repassam o bastão


Clique aqui para ler a íntegra do cordel: http://www.comunicacaodemocratica.org.br/cordel/

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CEI da saúde e seus aspectos legais

por Marco Aurélio Pereira Tanoeiro
Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos da Prefeitura de Suzano

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) ou CPI Municipal é uma das mais importantes ferramentas de fiscalização de que dispõe o Poder Legislativo. Garantida pela Constituição Federal aos membros do Congresso Nacional, sua instalação se dá nos municípios mesmo sem norma específica, em respeito ao princípio constitucional da simetria com o centro. Para sua criação devem ser observados três pontos: o requerimento de pelo menos 1/3 dos membros da Câmara; o estabelecimento de prazo para sua duração; a estipulação do fato determinado a ser investigado, desde que o mesmo se inclua na competência do município.
A CEI em curso na Câmara de Suzano atende aos dois primeiros requisitos, mas carece de atendimento ao mais importante, o terceiro, vez que não possui fato determinado a ser investigado. Foi criada para apurar “possíveis irregularidades no Sistema de Saúde de Suzano”. Por possíveis irregularidades devemos entender a inexistência de fatos concretos que as identifiquem e caracterizem. Prova cabal disso é o espaço aberto, no sítio oficial da Casa de Leis na internet, para recebimento de novas denúncias. Temos então a caracterização de vício insanável que macula todo o trabalho da CEI, vez que na administração pública ato oriundo de nulidade é, na essência, nulo.
Em pleno ano de eleições municipais, há que se ressaltar que os vereadores que ocupam a presidência e a relatoria da CEI já se colocaram perante a população como pré-candidatos para a disputa ao cargo de Chefe do Poder Executivo. Todo aquele que se propõe a exigir do outro o cumprimento da lei deve ter o cuidado de não ser, ele próprio, seu transgressor.
A instauração de uma CEI sem fato determinado a ser investigado constitui verdadeiro atentado aos princípios constitucionais, mormente ao da independência dos poderes e os atinentes aos direitos individuais da ampla defesa e do contraditório. A uma por que ganha ares de devassa no Poder Executivo. A outra por que, ao não definir e limitar as acusações, impede que os envolvidos elaborem plenamente suas defesas. Um completo desrespeito às normas constitucionais.
Dessa forma, caso seja mantido o vício preambular, a CEI instaurada na Câmara de Suzano caminha para a eliminação de qualquer possibilidade de apuração da verdade, vez que sobre seus trabalhos não restará sequer o mais tênue verniz de legalidade.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Yoani Sánchez: blogueira ou mercenária?

Por Altamiro Borges

Nas vésperas da visita da presidenta Dilma Rousseff a Cuba, a mídia colonizada tem feito grande alarde em torno do nome da blogueira cubana Yoani Sánchez. Ela é apresentada como uma “jornalista independente”, que mantém um blog com milhões de acessos e que enfrenta, com muitas dificuldades materiais, a “tirania comunista”, que a persegue e censura.




Na busca pelo holofote midiático, líderes demotucanos e, lamentavelmente, o senador petista Eduardo Suplicy têm posado de defensores da blogueira. Eles se juntaram para pressionar o governo a conceder visto para que Yoani venha ao Brasil assistir a pré-estréia do filme “Conexões Cuba-Honduras”, do documentarista Dado Galvão – que, por mera coincidência, é membro-convidado e articulista do Instituto Millenium, o antro da direita que reúne os barões da mídia nativa.

A falsa “jornalista independente”

Mas, afinal, quem é Yoani Sánchez? Em primeiro lugar, ela não tem nada de “jornalista independente”. Seus vínculos com o governo dos EUA, que mantém um “escritório de interesses” em Havana (Sina), são amplamente conhecidos. O Wikileaks já vazou 11 documentos da diplomacia ianque que registram as reuniões da “dissidente” com os “agentes” da Sina desde 2008.

Num deles, datado de 9 de abril de 2009, o chefe da Sina, Jonathan Farrar, escreveu ao Departamento de Estado: “Pensamos que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode desempenhar papel a longo prazo em Cuba pós-Castro”. Ele ainda aconselha o governo dos EUA a aumentar os subsídios financeiros à blogueira “independente”.

Subsídios e “prêmios” internacionais

Anualmente, o Departamento de Estado destina cerca de 20 milhões de dólares para incentivar a subversão contra o governo cubano. Nos últimos anos, boa parte deste “subsídio” é usada para apoiar “líderes” nas redes sociais. A própria blogueira já confessou que recebe ajuda. “Os Estados Unidos desejam uma mudança em Cuba, é o que eu desejo também”, tentou justificar numa entrevista ao jornalista francês Salim Lamrani.

Neste sentido, não dá para afirmar que Yoani Sánchez padece de enormes dificuldades na ilha – outra mentira difundida pela mídia colonizada. Pelo contrário, ela é uma privilegiada num país com tantas dificuldades econômicas. Além do subsídio do império, a blogueira também recebe fortunas de prêmios internacionais que lhe são concedidos por entidades internacionais declaradamente anticubanas. Nos últimos três anos, ela foi agraciada com US$ 200 mil dólares de instituições do exterior.

O falso prestígio da blogueira

Na maioria, os prêmios são concedidos com a justificativa de que Yoani é uma das blogueiras mais famosas do planeta, com milhões de acesso, e uma “intelectual” de prestígio. Outra bravata divulgada pela mídia colonizada. Uma rápida pesquisa no Alexa, que ranqueia a internet no mundo, confirma que seu blog não é tão influente assim, apesar da sua farta publicidade na mídia e dos enormes recursos técnicos de que dispõe – inclusive com a estranha tradução “voluntária” para 21 idiomas.

Quanto ao título de “intelectual” e principal dissidente de Cuba, a própria Sina realizou pesquisa que desmonta a tese usada para projetar a blogueira. Ela constatou que o opositor mais conhecido na ilha é o sanguinário terrorista Pousada Carriles. Yoani só é citada por 2% dos entrevistados – ela é uma desconhecida, uma falsa líder, abanada com propósitos sinistros.

O “ciberbestiário” de Yoani Sánchez

A “ilustre” blogueira, inclusive, é motivo de chacota pelas besteiras que publica e declara em entrevistas à mídia estrangeira. Vale citar algumas que já compõem o “ciberbestiário” de Yoani Sánchez:

- [Sobre a Lei de Ajuste Cubano, imposta pelos EUA para desestabilizar a economia cubana, ela afirmou que não prejudica o povo] porque nossas relações são fortes. Se joga o beisebol em Cuba como nos Estados Unidos;

- Privatizar, não gosto do termo porque tem uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.

- Não diria que [os chefões da máfia anticubana de Miami, sic] são inimigos da pátria;

- Estas pessoas que são favoráveis às sanções econômicas [dos EUA contra Cuba] não são anticubanas. Penso que defendem Cuba segundo seus próprios critérios;

- [A luta pela libertação dos cinco presos nos Estados Unidos] não é um tema que interessa à população. É propaganda política;

- [A ação terrorista de Posada Carriles contra Cuba] é um tema político que as pessoas não estão interessadas. É uma cortina de fumaça;

- [Mas os EUA já invadiram Cuba, pergunta o jornalista] Quando?;

- O regime [de Fulgencio Batista, que assassinou 20 mil cubanos] era uma ditadura, mas havia liberdade de imprensa plural e aberta;

- Cuba é uma ilha sui generis. Podemos criar um capitalismo sui generis.


Mentiras sobre censura e perseguição

Por último, vale rechaçar a mentira midiática de que Yoani Sánchez é censurada e perseguida em Cuba. Participei no final de novembro de um seminário internacional sobre “mídias alternativas e as redes sociais” em Havana e acessei facilmente o seu blog. Segundo o governo cubano, nunca houve qualquer tipo de bloqueio à página da “jornalista independente”.

Quanto às perseguições sofridas, Yoani Sánchez tem se mostrado uma mentirosa compulsiva e cínica. Em 6 de novembro de 2009, ela afirmou à imprensa internacional que havia sido presa e espancada pela polícia em Havana, “numa tarde de golpes, gritos e insultos”. Em 8 de novembro, ela recebeu jornalistas em sua casa para mostrar as marcas das agressões. “Mas ela não tinha hematomas, marcas ou cicatrizes”, afirmou, surpreso, o correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.

O diário La República, da Espanha, publicou um vídeo com testemunhos dos médicos que atenderam Yoani um dia após a suposta agressão. Os três especialistas disseram que ela não tinha nenhuma marca de violência. Diante dos questionamentos, ela prometeu apresentar fotos e vídeos sobre os ataques. Mas até hoje não apresentou qualquer prova.
 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Massacre do Pinheiro

Nota da Articulação de Esquerda


Pinheirinho: um massacre que não pode ficar impune!

No dia 22 de janeiro, tropas da Polícia Militar e contingentes da Guarda Civil Municipal atacaram a comunidade do Pinheirinho, na cidade de São José dos Campos, estado de São Paulo. Milhares de pessoas foram expulsas de suas residências. Há grande número de feridos e indícios de mortes. Posteriormente, começou a derrubada das casas.
A Polícia Militar obedeceu às ordens do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que por sua vez diz estar acatando decisão judicial de reintegração de posse, em benefício do proprietário do terreno, o especulador Naji Nahas, portador de imenso prontuário policial.
Os fatos são outros. Havia uma decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) que mandava suspender a ação; esta decisão foi desconsiderada pelo representante da justiça estadual presente à ação, Rodrigo Capez, irmão do deputado estadual Fernando Capez, também do PSDB. Havia uma negociação em curso entre o governo federal, o governo estadual e a prefeitura; esta negociação foi atropelada pela violenta reintegração de posse, ação covardemente executada nas primeiras horas da manhã de um domingo, quando os habitantes estavam desmobilizados, acreditando que o governo estadual respeitaria a trégua combinada com o governo federal.
Os motivos da truculência: a negociação poderia resultar na aquisição do terreno pelo governo federal, o que causaria prejuízos políticos para o governo estadual, incapaz de resolver um problema social; prejuízos financeiros para o especulador Naji Nahas, que pretende usar o terreno para pagar dívidas; e prejudicaria também o prefeito Eduardo Cury, igualmente tucano. Por isso a trégua foi rompida, por isto a justiça federal foi desconsiderada, por isto a Polícia Militar brutalizou milhares de pessoas, inclusive idosos e crianças: para beneficiar políticos do PSDB e um empresário-bandido.
O episódio revela mais do que a truculência militar, a corrupção judicial e o uso da máquina pública para reprimir trabalhadores e trabalhadoras em benefício de um notório corrupto.
O massacre de Pinheirinho vem na esteira de outros episódios: Cracolândia e USP. Fica evidente um padrão de criminalização dos movimentos sociais, padrão que faz parte da retórica e da prática dos governos tucanos desde Eldorado dos Carajás, pelo menos.
O padrão adotado pelo governo Alckmin, governador cujos vínculos com a Opus Dei são conhecidos, é o do governo “mão dura”, implacável com os de baixo, com os pobres, com os jovens, com os mais fracos. Que ninguém se engane: ligaram a chocadeira de ovos de serpente.
O Partido dos Trabalhadores denunciou o massacre. O governo federal manifestou sua insatisfação. Mas está claro que a escalada de violência antidemocrática não será interrompida apenas com críticas. É preciso uma ação executiva incisiva do governo federal, por exemplo considerando o terreno passível de desapropriação para fins de interesse social. E a Secretaria de Direitos Humanos deve tomar as medidas cabíveis contra as autoridades que menoscabaram da dignidade humana.
Desta maneira será reposto o pacto federativo, atropelado não apenas pela ruptura da trégua acertada, mas também pelo desconhecimento da decisão judicial federal.
É preciso, ainda, que o PT convoque todos os setores democráticos e se engaje diretamente numa ampla mobilização que se contraponha a campanha que setores da mídia fazem em favor da violência militar tucana, uma mobilização que defenda a democracia, os direitos humanos e os interesses populares.

Direção Nacional da Articulação de Esquerda, corrente interna do Partido dos Trabalhadores

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mobilização contra a Globo em toda as esferas

Segue um resumão da baixaria do BBB e outros patrocinadores.
 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

TV Globo em crise: BBB mobiliza Polícia, Ministério Público, Câmara, Ministérios da Justiça, das Mulheres, das Comunicações e Anatel.

Resumo do tamanho da encrenca em que a TV Globo se meteu com o Big Brother Brasil, através da exploração comercial do abuso de álcool e da apologia de comportamentos sexuais agressivos.

As peripécias da emissora levou à mobilização dos seguintes órgãos que estão investigando o caso:


Abriu inquérito desde segunda-feira para investigar suposto estupro de vulnerável, dentro dos estúdios da TV Globo, e transmitido ao vivo no programa BBB (Big Brother Brasil). Já fez duas diligências na TV Globo.

O delegado Antonio Ricardo Nunes recolheu o vídeo completo daquelas horas na TV Glovo, tomou depoimento de Daniel e Monique, disse que ela não quis fazer exame de corpo de delito, e recolheu cueca, calcinha e edredom de BBBs para perícia.

Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro

Acompanha as investigações da Polícia Civil para propor as ações na justiça cabíveis.

Ministério Público Federal do Rio de Janeiro

Abrirá um procedimento para investigar os fatos. Solicitará à Rede Globo cópia das fitas e do áudio de tudo o que ocorreu na casa naquela noite.

Analisará que tipo de medidas preventivas a direção da emissora toma ou poderia ter tomado para evitar esse tipo de situação na casa.

O resultado pode ser desde mudança de horário até solicitar a retirada do programa do ar.

Ministério Público Federal de São Paulo


O Ministério Público Federal em São Paulo abriu nesta terça-feira (17) um procedimento para apurar:
1) se houve violação da Constituição no capítulo Comunicação Social;
2) e ofensa aos direitos da mulher;

O órgão questiona também a forma como a Rede Globo informou o público a respeito do que ocorreu na casa.
O MPF pode exigir da emissora a divulgação de esclarecimentos dos direitos das mulheres.
O promotor nada adiantou sobre multas, mas não é incomum nestes processos haver condenação com indenizações vultosas por violar direitos coletivos.

A ação não é criminal, por isso outros Procuradores em outros estados podem abrir outras ações em qualquer parte onde o programa foi ao ar.

Câmara dos Deputados

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Manuela D´Ávila (PCdoB/RS), enviou nesta terça-feira (17) ao diretor do Big Brother Brasil, Boninho, um ofício pedindo informações sobre as providências tomadas pela da produção do programa, inclusive questionando se a íntegra da gravação em vídeo do malfeito foi mostrada a Monique (que supostamente encontrava-se em situação vulnerável sob efeito do álcool).

Detalhe: O delegado Antonio Ricardo Nunes, que tomou depoimento na terça-feira, disse que Daniel e Monique não assistiram ao vídeo que mostra a cena do suposto estupro.

Investigará as imagens veiculadas na TV aberta, para analisar se a transmissão feriu o contrato de outorga, que proíbe imagens “contrárias à moral familiar e aos bons costumes”.

A Rede Globo pode ser multada e até mesmo ter sinal suspenso.


O ministério das Comunicações também encaminhou pedido semelhante à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para que faça a mesma investigação sobre as imagens transmitidas na TV por assinatura, inclusive no pay-per-view.

Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM)

Na tarde de ontem (16), a ministra Iriny Lopes encaminhou um ofício ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ), pedindo providências. A SPM está acompanhando o caso juntos às autoridades do Rio de Janeiro.

Ministério da Justiça

Estuda a classificação indicativa do programa.

Hoje o programa é indicado para maiores de 12 anos, com base na auto-avaliação da TV Globo apresentada ao Ministério, que tem prazo até 9 de março para mudar, caso não concorde.

Essa indicação permite conter cenas de agressão física e consumo de drogas. No que diz respeito ao conteúdo sexual e nudez, as cenas não podem ultrapassar a proporção de 10% da programação. A nudez, por exemplo, pode existir de forma velada, sem apresentação de nus frontais, seios e nádegas.

Em 2010, a classificação era de 14 anos e foi reduzida para 12 anos na edição do ano passado (2011).

Caso mudasse para maiores de 16 anos não afetaria o horário do programa, já que vai ao ar após as 22hs, mas orientaria os pais a não permitirem aos filhos mais novos assistirem.

Deputados e políticos

O deputado federal Ivan Valente (PSol-SP) mainifestou que a TV Globo também deve ser investigada:
- Durante mais de 24 horas a Globo agiu como se não houvesse a suspeita de um crime a ser investigado. E, pior, tratou o caso como normal de um BBB. Essa é a mensagem que uma concessionária pública de TV manda para o país diante de um assunto tão sério como a violência sexual contra mulheres? Não foram só as mulheres que se sentiram ofendidas com isso. Todos ficamos indignados com a banalização daquilo que pode ter sido um crime.

O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) também criticou a emissora:

- Rede Globo faz apologia ao álcool e cria ambientes para incentivo ao estupro no BBB – bobagens, burrice, baixaria - num espaço público, atua MP!

Até o presidente do PTB e ex-deputado, Roberto Jefferson, criticou a globo:

- A rede e o diretor do programa, Boninho, bem que tentaram diminuir a repercussão do caso, mas não deu certo. A Globo falhou na tentativa de abafar o caso e vender eufemismos
 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A polêmica do suposto estupro no Big Brother

O texto abaixo, publicado no blog Vi o Mundo é, para mim, uma excelente análise sobre a mídia no Brasil. Reflete sobre a responsabilidade da Rede Globo e de sua equipe de produção no caso do suposto estupro da sister Monique pelo brother Daniel, expulso do programa.
Ana Flávia autora do texto compara o grupo à platéia do filme "Acusados", estrelado por Jodie Foster, que compactua com a violência, tratando abuso como espetáculo. Ela afirma com veemência e competência aquilo que os movimentos pela democratização da comunicação no País já afirmam desde a década de 90: é necessário uma profunda mudança nas leis de concessão de canais de rádio e televisão no Brasil. Aqui é terra sem lei no que diz respeito a punir emissoras que não respeitam os direitos das cidadãs e dos cidadãos. Em outros países, a Globo perderia a concessão diante da comprovação de transmissão ao vivo de um crime. Crime aliás que foi tratado como "amor" no dia seguinte pelo apresentador do programa Pedro Bial.
A revista Caros Amigos fez uma edição especial sobre a democratização da mídia no Brasil que quero compartilhar neste espaço, pois é uma excelente reflexão. Na realidade, não só a Rede Globo, mas os patrocinadores do programa também são cúmplices do que ocorre lá dentro. Que tipo de publicitário acredita que investir no BBB pode dar retorno positivo à imagem de um cliente? E que tipo de cliente aplaude um plano de mídia que investe no BBB?
Precisou alguém ser quase estuprada (se é que não foi) para perceberem que o programa é ruim? Ou com isso o BBB ultrapassou os limites estabelecidos pelo seu próprio público, ávido pelo "quanto pior melhor"?
Além da violência contra a mulher, cujo papel há muito se banaliza em novelas, seriados e comerciais, o que vemos aqui é uma omissão completa de nossos legisladores no que diz respeito a cobrar de uma emissora, com concessão pública, respeito ao público e ao País.
Acredito que talvez esta situação, mesmo lamentável, seja uma oportunidade para pensarmos sobre este assunto e exigir das autoridades uma posição menos conivente com as barbáries que, há décadas, a Globo e os meios de comunicação cometem. Esta infelizmente foi apenas mais uma.

Segue link para o texto:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ana-flavia-ramos-a-midia-que-estupra.html

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